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Mudanças de paradigmas nos ordenamentos simbólicos tradicionais e estabelecidos anunciavam-se no passado com frequência no bojo de processos políticos marcados por rupturas e por traumas em diversas esferas da vida social, política e econômica. Nas últimas décadas, entretanto, tem-se observado um processo de globalização acelerada no qual a comunicação humana, infinitamente ampliada pelo extenso e rápido desenvolvimento de tecnologias eletrônicas e digitais, promoveu um contato entre culturas em escala inédita, que ultrapassa em muito aquele possibilitado pelas novas tecnologias nos meios de transporte que se desenvolveram aceleradamente a partir do início do século XIX. Este contato evidenciou um drástico contraste entre paradigmas civilizatórios, que anteriormente concre-tizavam-se discursivamente de modo frequentemente maniqueísta, com o qual se coagulavam, de um lado, posições pretensamente “ocidentais” e “vanguardistas”, emanadas dos grandes centros do poder econômico, político e tecnológico, e de outro posições “orientais” e “retrógradas”, normalmente associadas a nações – e, em seu interior, de forma semelhante, às regiões – periféricas e distantes dos centros de decisão. Desta forma, alguns dos paradigmas fundamentais que norteavam as construções simbólicas de modelos civilizatórios foram substituídos rápida, mas silen-ciosamente, por outros muito diferentes, sem que isso tenha implicado “choques de civilizações” e guerras. Valores, culturas e formas de sociabilidade antes tidas como “pretéritas” passaram rapidamente a se revestir de grande interesse para uma modernidade tecnológica, política e culturalmente afundada em crises profundas. Novos sentidos têm-se emprestado à ecologia, à sustentabilidade tecnológica e às experiências culturais milenares.