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Obscurantismo!... Esta é uma palavra vaga para definir um mundo de mistérios e conceitos. Há bandas de diversos gêneros e letras bem diversificadas, todas abordando o obscuro e a depressão. Tal cultura foi influenciada por filmes e literaturas de caráter mortuário... Um vasto universo artístico e poético forjou este universo atípico, que contrasta com o modelo vigente. Mas não podemos generalizar. Não basta escrever um amontoado de versos “suicidas” para ser Obscuro, é preciso ter uma alma negra. Amar a noite, o cemitério, a dor... Toda estética maldita das Igrejas e o ar nauseabundo do luto. Na verdade, é preciso ter “peito” para encarar as trevas nebulosas da noite.
O Obscurantismo não é apologia à morbidez, é uma expressão artística que visa expurgar uma dor que precisa ser consumida. A música obscura é um portal para transpor o umbral humano, abrindo uma fenda no lado escuro da vida. Não se trata de uma apologia à morte, mas de sua aceitação. A existência se transforma ininterruptamente, é preciso admitir a brisa da morte para respirar o hálito da vida. A morte é o preço da vida. Na noite, na escuridão é que jaz o santuário da divindade interior, o potencial adormecido do ser. É uma busca por transcender os umbrais da morte, numa espécie de imortalidade mítica, como no caso dos vampiros. O sangue é o símbolo da vida. O culto vampírico é, pois, um culto à vida, não à morte. A cultura Dark visa, antes de tudo, cultivar o prazer e o hedonismo, em vez de fomentar o estoicismo ou o conformismo.
A poesia Obscura é, portanto, a apoteose daquilo que a alma tem de mais bonita: a esperança. E em vez de ser uma esperança pálida, é um sonho lívido, uma intensa sede pelo existir. “Nascer Obscuro” não é um presente, mas uma “escolha”. O Obscurantismo nasce das experiências da vida, de vivências dolorosas e de uma solitude que não pode ser “comercializada”. De fato a existência é pesarosa, mas isso não significa “soltar as rédeas”. Pelo contrário, é uma forma de viver seus pesares com beleza transmutando o sofrimento em crescimento espiritual, e isso exige certo grau de maturidade. Amar as sombras não significa renegar a luz. Longe disso, trata-se de uma predileção pelo negro, o que não tem a ver com cultos diabólicos ou bizarros. O obscuro do Obscurantismo é um obscuro suave, terno, melífluo, mas não menos intenso e fantasmagórico.
Se houvesse uma forma “branda” de experimentar este mundo, realmente muitas pessoas mudariam de time. Mas experimentar o “amargo” exige um paladar inteiramente novo. É preciso jogar o velho Eu fora, para que um novo possa nascer. A luz das sombras é uma luz que exige cuidado, uma penumbra que precisa ser iluminada aos poucos, pois retrata uma prisão onde muitas vezes gritamos calados. Uma taça de veneno que precisa ser destilada até transformar-se em remédio. O breu da noite não é um “parque de diversões”, é, acima de tudo, um mundo onde lidamos com nossa própria sombra, e esta é cheia de demônios atrozes. Quem não está habituado a este mundo pode deparar-se com aspectos repulsivos... O Obscuro é o reflexo de nossos aspectos mais densos, lidar com ele é descer aos infernos...