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Amor incondicional de Teresinha ao chão em que nasceu: ao mesmo tempo causa e efeito da materialização, em frágeis folhas de papel, do galopar ainda vigoroso das suas lembranças nos infindáveis campos da memória, onde tempo e espaço brincam de lembrar e esquecer, e esquecer e lembrar, num moto perpétuo, fazendo da bruma do esquecimento e do brilho da lembrança urdidura e trama da história da sua vida, que ela aos poucos nos oferece à leitura em doses saborosas de prazer disfarçado de livro.
Causa, por ser a explosão do fazer acontecer, por manter alimentado e vivo o desejo de compartir, e assim enriquecer mais ainda a rica história de nossas coxilhas; efeito, porque esta paixão permeia e se mostra inteira nas letras e nos pontos e nos acentos que se juntam para formar as palavras que contam os sabores e os cheiros, as descobertas e as desilusões, as angústias e os medos, os amores e as saudades da mulher e da menina que ainda hoje, de mãos dadas, pulsam em seu coração. Simples assim. Coisas que acontecem a todos nós, resto do mundo, mas que só a poucos é concedido o privilégio de saber transformar suas lembranças em histórias que embalam e afagam as nossas próprias lembranças, como se por um momento trocássemos de lugar e vivêssemos suas vidas.
Assim é a Teresinha, que entende de gigantes, de princesas e de castelos como ninguém mais, e que reaviva em seus causos as lembranças da infância tranquila que viveu, das lições de vida que recebeu do seu pai, e das histórias de heróis e de assombração que ouviu ao redor do fogo de chão no galpão da fazenda.
Teresinha, que transforma qualquer mula sem cabeça galopando em disparada, ou bolas de fogo dançando no campo, numa oportunidade de prender nossa atenção ou de arrepiar os cabelos da criançada atenta que escuta suas histórias fantásticas.
Teresinha, a quem ouso referir-me de maneira assim tão sem cerimônia, mas a quem muito respeito pela sua determinação e força de vontade, nos oferta um pouco mais das suas memórias, e com isso revelando um pouco mais de si mesma, para nossa admiração.
Alexandro Molleri Reis